sexta-feira, junho 29

Quando foi?






















Eu não me lembro mais,
quando foi que me apaixonei por você.
Se foi à primeira, à segunda ou à terceira vista,
Só tenho a plena certeza,
Eu, me apaixonei por você.


Talvez tenha sido no primeiro sorriso,
No primeiro beijo roubado,
Ou então no primeiro que foi dado.
No olhar que trocamos ali,

Ou quando eu precisei,
E você ficou aqui.

Eu não sei quando foi,
Só sei que me apaixonei por você.


 














Por esse jeito menina,
O sorriso aberto, que me acalma.
O toque macio, que me enebria.
O abraço, que me acolhe,
O beijo, que me enfeitiça.


Eu não sei quando foi,
Só sei que me apaixonei por você.


Não tenho tanto a oferecer,
Nem muito a prometer.
Não sou rico, não sou pobre.
Não sou menino, e não sou homem.
Não sou novo, e não sou velho.
Não sou perfeito, não sou eterno.


Eu não me lembro mais,
quando foi que me apaixonei por você.
Eu não me lembro mais,
como foi que consegui viver sem você.





terça-feira, abril 24

Simples



Enquanto a borboleta voava sem rumo,
O tigre descansava sob o luar.
Ela pairava e admirava,
A grande criatura a repousar.
Tímida, sem jeito,
A borboleta pousou alí perto.
E tão silenciosa, tão timidamente...

O tigre se quer reparou.
Em seu sonho,
Corria, brincava, dormia, acordava.
Sonhava com sua presa,
Aquela corrida, aquele olhar.

A borboleta, ficou a imaginar,
Seria possível, a um tigre eu amar?

Não.. Não seria.
Não...Nem poderia.
O que ele veria?
Dois pares de asas,
Uma carcaça frágil,
Um futuro incerto,
Uma vida curta.

A borboleta ficou a pensar,
E mesmo cheio de dúvidas,
Murmurou sem hesitar.
Sim... Poderia.
Sim... Seria.
Poderia ser a que ele mais amará.
Seria a única a verdadeiramente te amar.
Ah! O amor!
Enquanto a borboleta sonhava,
Imaginava uma vida de amor,
Num suspiro, num pensamento...
O tigre acordou. 

Com um movimento brusco,
O Tigre a esmagou.

Amar, amei, amou.


quarta-feira, março 28

Decisão


Era tarde,
E naquela imensidão, um guerreiro faminto,
Duelava contra a fome.
Duelava contra a honra.
Duelava contra sí próprio.

Com a lebre nas mãos,
E a espada a postos,
o guerreiro pensava:
"E se fosse eu?"
E os olhos da lebre, temerosos,
Pareciam chorar.
Seu grunhido era o único som a se ouvir ao luar.
Os brilhos dos olhos do animal,
Refletiam intensos dentro do homem.

Aquele guerreiro, que matava um homem,
Fraquejou ao matar o animal.

Será a minha fome, desculpa?

Silêncio.

E naquele momento intenso,
Enquanto a fome enfraquecia seus membros.
A lebre, sangrou.

Sentindo o gosto na boca,
Sentindo o sangue escorrer.
Sim.
Aquela foi sua mais difícil batalha,
Pois aquele inimigo,

Não tinha espada,


Aquele inimigo,

Não revidou.


Aquele inimigo, simplesmente, morreu.


segunda-feira, fevereiro 27

Lembrança da Neve



Verão

Por vezes o caminho se tornou difícil

E o coração de um samurai aflito

Procurava abrigo

Sol.

Numa montanha a mesma menina

Esperava tranqüila

No mesmo jardim,

Na mesma montanha,

O dia.

E seu coração se aquecia

Brisa.


Outono

O vento quente de outrora

Lentamente desaparecia

O rosto do samurai escondido

Lentamente aparecia.

A vida passava

E tão lentamente o bambu crescia.

.

Inverno

As pegadas geladas na neve

Apontam o caminho do guerreiro.

O mesmo que desafiou a montanha

E compadecido fez um jardim

Que encantado

Amou.

Agora caminha.

Para onde?

Vida.

A montanha sobrevive

O jardim queimado pela neve

Resiste.

E a menina sob a neve fina

Espera.

O quê?

Uma flor.

O bambu ainda não floresceu,

E a procura ainda não terminou.

Porém o motivo ainda não congelou.

Que motivo?

Voltar e esperar.

Voltar para onde?

Uma flor.

Esperar pelo quê?

Uma vida.

Na primavera,

Um esperava o inverno

Um esperava o verão.

Mas o que realmente desejavam?

Um momento

E o que tinham?

Uma lembrança.

Uma lembrança da neve.


[mar/2008]

O SAMURAI E O PÁSSARO




O inverno enfraquece
e a neve silenciosamente derrete.
Sentado defronte ao jardim,
um samurai se pergunta:
'Por quê?'

Por quê quando se tropeça,
se pode cair?
Por quê quando se entristece,
se pode chorar?
Por quê quando se sofre,
se pode perder?
Por quê quando se é silêncio,
se pode gritar?

O ventou soprou timidamente.
E a aflição de um pequeno pássaro, se ouvia.

Tão pequeno. Caído.
Tão pequeno. Sozinho.
Tão pequeno. Lutou.
Tão pequeno. Vôou.

E o vento soprou novamente.

O samurai olhou dentro de sí,
E mentalmente respondeu.

'Se cai para que se encontre mãos fortes,
para levantar o corpo.

'Se chora para que se aceite,
a derrota com o coração em paz.

'Se perde para que se encontre,
uma armadura mais resistente.'

O samurai se levantou.
E respirando forte. Gritou.

E a neve começou a cair novamente.



[mar/2008]

terça-feira, fevereiro 14

Pedaço





Não.
Por mais que te digam,
Honestamente, não dá.

Mas..!

Não. Não dá!

Não dá pra sentir,
Se não passou fome.
Não dá pra falar,
Se nunca ouviu.
Não dá pra enxergar,
Quem deveras não viu.
Não dá pra chorar,
Se nunca amou.
E ninguém entenderá a dor,
Que não passou.

Ahh! Essa dor.
Fatídica... Quem é que nunca passou?
Mas há sempre maior veemência na MINHA dor.
A dor alheia? AAhhh... Não era BEM uma dor.
O mais engraçado é que não físico.
Muito menos explique a física.

Essa dor, amigo,
É metafísica.
Quem sabe... Surreal.
Ou melhor mística.
Talvez rime melhor com outrem...
Comigo, realmente não rima.

Ahhh.. mas essa dor cria monstros.
Medrosos,
Assustados.

Uma barreira feita de areia.
Uma muralha feita de espinhos.

Mas sempre tem AQUELE vento...
Ou.. Aquele jardineiro.

Enfim, talvez você tenha razão.
Eu realmente espero,
Que a SUA dor,
Seja realmente, MUITO, mas muito mesmo,
Maior que a minha.

quarta-feira, fevereiro 1

Será?




Será que vai dar certo?
Será que vai funcionar?
Será? Será?

Eu já tentei aceitar,
Mas já desisti de entender.
Tudo é tão complicado,
Mas será que deve ser ajustado?

Tão justo quanto aquele jeans,
Tão perfeito quanto aquele vestido.
Eu não quero nada de linho,
Eu não quero nada de seda,
Eu só quero que valha a pena,
Então pode ser barato,
Pode ser recortado,
Então pode ser de algodão.

Já nem quero entender,
Já nem quero compreender.
Tudo que eu quero é aceitar,
Tudo do jeito que está.
Tudo do jeito que é, não que foi, nem como será.

Aceito o que você me der,
Então me aceite,
Do jeito que eu sou.

Então se for, que seja.
Se não for,... será?